quinta-feira, 4 de setembro de 2008

As periguetes
Por Aline Maciel

Os 13 jovens da Turma D se reuniram na Escola Municipal Osires Neves para participar da terceira oficina do projeto “Minha Rua Tem Memória”. Como já haviam combinado, montaram uma espécie de livro, com capa e tudo, que fizeram à mão. Depois de contar sua história, cada um dos participantes ia até o centro da roda formada na sala e a colava à de seus companheiros de gincana.

A história que deu mais o que falar foi a da jovem Janaína Dionísia, de 23 anos, moradora do bairro de Jardim da Viga, que contou que na calçada de sua casa tem uma árvore que serve de ponto de encontro das menininhas "periguetes" da rua. Todos os dias, à noite, elas se reúnem num banquinho que seu tio havia feito para aproveitar a sombra da árvore durante o dia e ficam sentadas lá, paquerando os meninos que passam. Mas se a história parasse por aí, até que não teria tanto problema. Só que elas (as periguetes) acabam "ficando" com esses meninos ali mesmo, debaixo daquela árvore. O falatório, que vai até altas horas da noite, acaba impedindo Janaína e sua família de dormirem direito.

“Quando chega de manhã, a gente sempre encontra alguns preservativos usados quando vai varrer a as folhas e as sujeiras que acumulam na calçada de um dia para o outro”, contou ela. Janaina disse que seus pais até quiseram cortar a árvore, não o fazendo porque pensaram melhor e perceberam que a árvore não tinha culpa nenhuma.

Enquanto ela relatava o namorico debaixo da árvore, uma das jovens associou essa história à que ela própria iria contar. "A minha história também é de namoro debaixo da árvore e aconteceu comigo, mas não sou nenhuma ‘periguete’, não”, disse Bruna Basílio, para o riso de todos.

A história que essa moradora do bairro da Viga relatou ocorreu há cerca de oito anos, quando ela era uma adolescente de 12 anos. E foi nessa época que ela conheceu seu primeiro amor, embaixo de uma amendoeira. “Aquele local passou a ser o nosso ponto de encontro”, disse ela. Quando completou 13 anos, seu namorado a levou até a amendoeira e lhe presenteou com um belo buquet de rosas vermelhas. Foi um gesto bem romântico, que a deixou emocionada. O namoro não deu certo, mas até hoje ela lembra daquele “dia lindo” quando passa por aquela amendoeira.

Essa idéia de que uma história acabou se encaixando de alguma forma na outra, fez com que o oficineiro tomasse a iniciativa de tentar fazer com que os jovens fizessem uma associação entre todas as histórias. A experiência resultou numa só história, com começo, meio e fim. Além da percepção de que os fatos tinham uma ligação entre si, a história coletiva continha vários momentos engraçados.

E para fechar com chave de ouro, como sempre fazem, todos se reuniram no centro da roda com as mãos umas sobre as outras e deram o já famoso grito de guerra deles: "MINHA RUA TEM HISTÓRIA!"

2 comentários:

martinha disse...

queria lhe dizer que esse projeto esta sendo ótimo e ajudando os jovmnes a buscar conhecimento cultural.
Marta IRIS PARTICIPANTE DO PROJETO

marcus disse...

QUERO SABER QUANDO O CURSO VAI VOLTAR PORQE TENHO MUITO ENTERECE DE TER UMA PROFISAO.